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Quando dancei com Krishna

Atualizado: há 4 horas



arte em aquarela de autoria de juliana rizieri - proibida reprodução - todos os direitos reservados 2025
arte em aquarela de autoria de juliana rizieri - proibida reprodução - todos os direitos reservados 2025

Relato pessoal


Em março de 2019, eu estava no Festival Internacional de Yoga, em Rishikesh, na Índia.

O festival acontece dentro de um ashram e é um encontro lindo com pessoas do mundo inteiro, praticantes de várias linhas e tradições.


Pra quem não sabe, Yoga não se resume só às posturas corporais. É um corpo de conhecimento antigo que envolve atitudes, domínio mental, cantos, mantras e meditações.


Entre os muitos grupos, era fácil identificar alguns estereótipos:

Os praticantes de Kundalini Yoga, sempre elegantes, todos de branco.

Os do Ashtanga e Vinyasa, com leggings metálicas e coloridas, corpos definidos e aquele astral lá em cima.

Os de Hatha, com o tapetinho debaixo do braço e um caderno na mão.


E, entre todos eles... o grupo dos Hare Krishna.

Irritantemente felizes, dançando e cantando o tempo todo.


Bastava uma pausa nas atividades, e lá estavam eles: fazendo barulho, brincando, rindo alto.

Aquilo me irritava. E muito.

Pareciam bobos.

O mundo em guerra, fome, caos... e eles ali, como se estivessem bêbados de alegria ou como crianças que ignoram a seriedade da vida.


Mas, no fundo... eu sabia que meu incomodo vinha de outro lugar.

Talvez fosse inveja.

Uma vontade escondida de também rir daquele jeito, coisa que eu não fazia há muito tempo.


Ao contrário dos outros grupos, eles não faziam cerimônia.

Qualquer um que passasse perto ganhava um abraço. Eu fui abraçada algumas vezes, mesmo com meu bico de mau humor.

Lembro de um deles em especial. Me abraçou e os olhos dele... sorriam. Brilhavam. Era tanto amor que nunca mais esqueci.


No último dia do festival, acontece uma grande festa de encerramento.

Naquele ano, coincidiu com o Mahashivaratri (um dia importante espiritualmente), o que fez a celebração durar até a madrugada.

Eu estava num dos períodos mais obscuros da minha vida.

Uma dor emocional enorme me atravessava.

Uma tristeza profunda, conflito interno, dúvidas sobre quem eu era, que caminho seguir... decisões difíceis, ansiedade.

Definitivamente, eu não estava no clima de festa.

De repente, uma música começou: "Hare Krishna, Hare Hare..." E lá foram eles de novo, os vestidos de laranja, pulando, dançando com aquele sorriso no rosto.

Meu coração parecia uma pedra de gelo. Mas, lá no fundo, uma parte de mim queria derreter.

Um deles veio até mim e, sem cerimônia, me puxou pela mão. Eu resisti. Mas fui.

Comecei a repetir aquelas palavras e a dançar do jeito que eles faziam.

Uns 40 minutos depois, já estava totalmente entregue.


Algo começou a acontecer.

Quanto mais eu cantava, mais eu queria experimentar o sabor daquilo que eles pareciam beber ao cantar.

E comecei a chorar.

Chorava enquanto dançava.

Meu coração ia se abrindo, e quanto mais eu dançava, mais a doçura de Deus me invadia.


Ainda doía, mas quanto mais doía... mais eu dançava, mais eu cantava.

Era como se o nome de Krishna, repetido tantas vezes, fosse substituindo a dor por uma felicidade verdadeira e instantânea.

Até que, de repente... Eu já não dançava com as minhas pernas.

Meu corpo parecia ter desaparecido. Era só o amor de Deus dançando através de mim.

Quando a música terminou, a gente caiu no chão, exaustos e ainda em êxtase.

Olhei pra eles e disse: "Wow... agora eu entendo a alegria."


A alegria dos Hare Krishna não é sobre o que está acontecendo do lado de fora.

É Deus se manifestando... diante da confusão do ego.

O ego está sempre buscando um motivo pra se sentir mal. Triste, irritado, culpado.

Por isso cantamos pra Krishna: pra substituir os pensamentos de separação, de medo... e lembrar da luz doce de Deus.


Você pode dizer "Deus, me ajude aceitar a tristeza” e Ele responderá “Tome o que você merece minha criança, um doce carinhoso, um beijo e um abraço afetuoso".

Eu só te dou dávidas.

Eu só te dou bençãos.

E elas nunca jamais te machucarão.

Elas são um lembrete de que você é amor junto comigo e nada mais.

Não há necessidade de esforço para bloquear a tristeza, não sentir mais medo ou fazer terapia para não sentir mais raiva.

Basta lembrar-se de mim!

Basta lembrar do Doce Amor grandioso que nunca jamais te deixou!

Tudo diferente disso, pode ser esquecido agora.


Eu não sigo um caminho de devoção exclusiva à Krishna. Mas toda vez que tenho a chance de cantar pra Ele, de me lembrar de Deus... eu faço.

E, 100% das vezes de cantei, me lembrei do amor.


Por isso compartilho com você, meu amigo buscador... Os doces que Krishna me deu.


Aqui embaixo, vou deixar alguns mantras, músicas, palestras e filmes pra quem quiser se inspirar também.



  1. Hare Krishna Mantra (Maha Mantra)


Este é talvez o mantra mais conhecido e amplamente recitado pelos devotos de Krishna, especialmente dentro da tradição Gaudiya Vaishnavismo, movimento fundado por Sri Chaitanya Mahaprabhu no século XVI.

Ele é chamado de Maha Mantra, que significa “O Grande Mantra da Libertação”.


Mantra original:

Hare Krishna,

Hare Krishna,

Krishna Krishna, Hare Hare,

Hare Rama, Hare Rama,

Rama Rama, Hare Hare.



Significado: Este mantra invoca diferentes aspectos da Divindade: Krishna (o todo-atrativo), Rama (aquele que traz alegria e bem-aventurança) e Hare (a energia divina de Deus, personificada por Radha, a consorte de Krishna).Ao recitá-lo, busca-se purificar o coração, despertar o amor puro e estabelecer uma conexão direta com o divino, além de ajudar a dissolver o ego e a mente condicionada.



Uma versão emocionante para você ouvir e cantar junto:



  1. Om Namo Bhagavate Vasudevaya


Um dos mantras mais reverenciados do Vishnuísmo, dedicado a Krishna na forma de Vasudeva, o filho de Vasudeva e Devaki.


Mantra original:

Om Namo Bhagavate Vasudevaya


Significado:"Minha reverência ao Senhor Vasudeva (Krishna), a Suprema Personalidade de Deus."É um mantra de entrega e devoção, usado em práticas meditativas e invocações. Ele aparece em textos como o Bhagavata Purana (Srimad Bhagavatam), que conta as histórias das encarnações de Vishnu/Krishna.


Uma versão linda de Krishna Das:



  1. Govinda Hare Gopala Hare (Hey Prabhu Deena Dayala Hare)


Mantra original:

Govinda Hare Gopala HareHey Prabhu Deena Dayala Hare


Significado: Invocação a Krishna, chamado aqui de Govinda (o protetor das vacas, símbolo de cuidado e proteção), Gopala (o menino pastor de vacas, símbolo de simplicidade e doçura) e Deena Dayala (o compassivo com os aflitos).


Este mantra é especialmente usado para pedir consolo, proteção e misericórdia nos momentos de tristeza, desânimo ou desespero. Ao cantar, busca-se conforto direto da

fonte divina.



Ouça minha versão preferida, também de Krishna Das:


Breve história de Krishna


Provavelmente você já ouviu falar de Krishna através do Bhagavad Gita, um dos textos mais conhecidos do Mahabharata, muito difundido no Ocidente.


Krishna, porém, é uma figura central em várias escrituras e correntes do hinduísmo, incluindo o Srimad Bhagavatam (Bhagavata Purana), onde sua vida e seus passatempos são narrados em detalhes.


No Bhagavad Gita, Krishna aparece como o mestre, o guia e o condutor da carruagem do príncipe Arjuna, momentos antes da batalha de Kurukshetra. Diante da crise moral de Arjuna, que hesita em lutar contra seus próprios parentes, amigos e mestres, Krishna oferece um ensinamento profundo sobre o propósito da vida, o desapego, o dever (Dharma) e a união com o Divino.


O texto contém 700 versos, divididos em 18 capítulos, e cada capítulo é chamado de um “Yoga” ou seja, um caminho de conexão espiritual (como Bhakti Yoga, Karma Yoga, Jnana Yoga, entre outros).


É considerado uma das maiores sínteses filosóficas espirituais da humanidade e para mim, cada vez que leio tenho um novo grande insight.




A diferença entre ser Hare Krishna e estudar Vedanta (ou simplesmente beber do conhecimento de Krishna)


Muita gente confunde: ser Hare Krishna é diferente de apenas estudar Vedanta ou se inspirar nos ensinamentos de Krishna.


O movimento Hare Krishna faz parte de uma tradição específica, o Gaudiya Vaishnavismo, nascido na Índia no século XVI. Os devotos seguem um caminho de entrega total, com práticas diárias, alimentação restrita e um estilo de vida voltado exclusivamente à devoção a Krishna.


Já quem estuda Vedanta ou apenas lê o Bhagavad Gita se conecta com Krishna de outra forma. Krishna aqui é visto como símbolo da consciência suprema, da sabedoria que nos guia para além do ego.


Você pode cantar um mantra, ler um verso, se emocionar com uma história, sentir a presença de Krishna... sem ser Hare Krishna.


O que importa não é o nome que você dá para sua busca, mas a lembrança viva do Amor que nos une ao divino.


Atualmente me identifico mais com o caminho do Vedanta, um caminho de estudos gerais dos Vedas, que não exige uma mudança drástica. Então eu canto, me inspiro, estudo, oro e medito, mas sem seguir as práticas como um devoto.



Onde aprendo mais sobre Krishna


Se você, assim como eu, sente vontade de se aprofundar nos ensinamentos de Krishna sob a ótica do Yoga ou do Vedanta, recomendo dois professores brasileiros que têm um trabalho muito sério e com uma linguagem acessível:


Gloria Arieira, referência no ensino tradicional de Vedanta no Brasil, com décadas de estudo e vivência direta com mestres da Índia.


No site oficial de sua escola, há links de aulas e livros preciosos:


>>> Uma joia pra você!

Deixo aqui uma aula disponível no Youtube que ela deu sobre Bhagavad Gita.




Com Jonas Masetti


E também, Jonas Masetti, que traz o Vedanta para o nosso dia a dia de forma muito direta, profunda e conectada com os desafios que vivemos hoje.

Cada um com seu estilo, mas ambos com uma base sólida e um olhar profundo sobre os ensinamentos.


Veja esse trecho de uma curso no Youtube:




Com Lúcia Helena Galvão


E apesar dos ensinamentos da professora Lucia Helena serem mais abrangentes, essa palestra sobre o Bhagavad Gita é muito enriquecedora.


Veja a palestra completa no Youtube:



Indicação de Filme sobre o movimento Hare Krishna


Hare Krishna! O Mantra, o Movimento e o Swami que Começou Tudo


Assisti ao filme "Hare Krishna" E fiquei profundamente tocada.


O documentário mostra não só a jornada física de Srila Prabhupada, mas também a força espiritual de alguém que viveu com propósito. Não importa se você segue ou não a tradição Hare Krishna.


A história de Prabhupada é um convite a olhar para aquilo que nos move por dentro, para a coragem de seguir a própria missão, mesmo quando tudo parece impossível.


Ver como ele inspirou tantas pessoas, de diferentes partes do mundo, a cantarem o nome de Deus e se entregarem a uma vida mais consciente... é, no mínimo, um lembrete de que uma alma conectada ao propósito pode transformar muita coisa.


Acho que o filme está no Prime Video, mas vou deixar aqui o trailer no youtube:




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Com amor e devoção,

Ju Rizieri

Hare Krishna! Haribol! 







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